Auschwitz Polónia

Como visitar Auschwitz

Visitar Auschwitz é duro! Provavelmente não deveríamos começar o nosso artigo informativo assim, mas é a mais pura das verdades. Esta foi a visita mais emotiva e difícil que alguma vez fizemos. Mas nada nos prepara para isso. Até podemos ler muitos livros e assistir a filmes, mas estar (e sentir) aquele local é verdadeiramente angustiante. Visitar um campo de concentração nazi não se trata de um roteiro turístico. É o nosso dever recordar a história e não deixar que ela se repita. Acima de tudo, visitar Auschwitz é prestar homenagem às muitas vítimas do genocídio.
Se também vai visitar, leia o artigo até ao final para saber como visitar Auschwitz, com muitas dicas.

História resumida de Auschwitz

Na Segunda Guerra Mundial, a Alemanha nazi perpetuou o maior genocídio da História (o Holocausto), assassinando cerca de 6 milhões de judeus (aproximadamente 2/3 da população judaica na Europa). Auschwitz-Birkenau foi o maior campo de concentração nazi construído na Europa e consequentemente onde morreram mais pessoas. No entanto, existiram perto de 50 campos de concentração nazis (em vários países). Este, em particular, localiza-se no sul da Polónia, foi construído e operado por alemães e serviu para aprisionar, escravizar e exterminar inimigos e grupos indesejáveis, considerados ameaça para o regime nazi.

Inicialmente Auschwitz inaugurou-se como um campo de concentração para prisioneiros políticos e de guerra, ciganos, polacos e homossexuais. Só em 1942 é que começaram as deportações em massa de judeus de toda a Europa para o campo.

Com a chegada de cada vez mais pessoas construíram um campo maior, a três quilómetros, o Auschwitz II-Birkenau. Este serviu essencialmente para estabelecer um centro de extermínio maior e mais eficiente, e contava com quatro câmaras de gás e crematórios.

Auschwitz entrou em funções no ano de 1940 e encerrou cinco anos depois, em Janeiro de 1945, no final da guerra com a chegada das tropas soviéticas. Aqui milhões de pessoas, a maior parte judeus, morreram devido a condições de vida desumanas, tortura, experiências médicas e a maioria em câmaras de gás.

No final da guerra, prevendo a vitória dos opositores, os alemães começaram a destruir crematórios e documentos que provavam as suas atrocidades, enquanto evacuavam os prisioneiros de Auschwitz.

Actualmente, Auschwitz-Birkenau é Património Mundial da UNESCO e funciona como Memorial e Museu. O objectivo é aprender sobre o passado e honrar a memória daqueles que sofreram e morreram ali.

Onde se localiza e como chegar a Auschwitz

Auschwitz está localizado na região de “Lesser”, na cidade de Oświęcim, no sul da Polónia. A cidade turística mais perto é Cracóvia, que dista cerca de 70 quilómetros. Como tal, recomendamos que faça de Cracóvia o seu ponto base (foi o que fizemos e achamos uma escolha acertada).

Assim sendo, e caso não tenha viatura própria, a nossa recomendação é recorrer a transportes públicos. Existem duas formas de chegar a Auschwitz a partir de Cracóvia: de autocarro ou de comboio.

De autocarro

Esta é a maneira mais fácil de chegar (foi a que utilizámos e correu tudo bem).
Existem várias companhias locais a operar a rota entre o centro de Cracóvia e Auschwitz. Todos os autocarros partem do Terminal Central de Autocarros e deixam os passageiros mesmo à porta do Museu de Auschwitz. O regresso a Cracóvia efectua-se exactamente da mesma forma.

A viagem demora cerca de 1h30 e tem um custo de 38 PLN, ida e volta. Nós reservámos os bilhetes online, na empresa Lajkonik Bus e sugerimos que façam o mesmo. Podem até adquirir os bilhetes na hora, directamente ao condutor, mas por experiência própria, e pelo que presenciámos, os motoristas dão prioridade, claro, a quem já adquiriu bilhetes. Podem correr o risco de não conseguirem viajar à hora prevista, devido a lotação esgotada!

De comboio

Uma outra opção é viajar entre as duas cidades de comboio. Os comboios partem da principal estação ferroviária de Cracóvia e param na estação de Oswiecim, que se localiza a 2 km de Auschwitz. A viagem demora cerca de 1h30. Daí, pode chegar ao Museu de Auschwitz caminhando ou apanhar um autocarro/táxi.

Em tour organizado

Apesar de ficar ligeiramente mais caro, acreditamos que também é uma excelente opção para quem gosta de tudo organizado e assim não se preocupar com nada. Por norma, estes tours vão recolher (e devolver) os passageiros ao hotel ou nas imediações e incluem ainda a entrada em Auschwitz. Alguns oferecem até refeições. Deixamos algumas sugestões de tour, com boas avaliações:

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Como comprar os bilhetes

Antes de tudo, convém referir que há duas opções de bilhetes para visitar Auschwitz: por conta própria, sem pagar nada, ou com visita guiada que custa 110 PLN (cerca de 25€). Seja qual for a sua escolha, recomendamos reservar os bilhetes online com antecedência. Visto que é um local que recebe milhões de turistas, não garantem que consiga adquirir bilhetes no próprio dia, nas bilheteiras.

Na nossa opinião, achamos imprescindível fazer a visita com um guia. Na verdade, chamam-se “Educadores”, porque estão a ensinar-nos uma lição de História. A mais dura das lições. Só assim consegue ter a real percepção das atrocidades cometidas naquele local, bem como toda a história envolvente, tornando assim a experiência mais completa e enriquecedora.

A compra dos bilhetes deve ser feita no site oficial do memorial e aí seleccionar o dia e a hora da visita. Há ainda a opção de escolher a língua, sendo que até à data não se realizam tours em português. Há outras opções, como inglês, francês, polaco, alemão, espanhol, italiano, entre outras. As visitas guiadas têm duração de cerca de 3h30 a 4h e inclui os dois campos: Auschwitz I e Auschwitz II-Birkenau.

Visitar Auschwitz

Neste momento já sabem como chegar a Auschwitz e como adquirir os bilhetes. Assim sendo, iremos de forma resumida contar-vos como é a visita.

Entrada

Além dos bilhetes, é obrigatório levar um documento de identificação que vai ser pedido na entrada.
Após validação dos bilhetes, terá de passar por um controlo (tipo o do aeroporto).

Se fez a reserva com visita guiada, terá de mostrar os bilhetes novamente no balcão de informação. Aqui, irão dar um autocolante para colar na roupa, que permite identificar o tour (espanhol, inglês, etc.) e a hora.

Tal como referimos em cima, os bilhetes dão acesso aos dois campos. No entanto, o início da visita é sempre efectuado no campo Auschwitz I. Assim sendo, é aqui que encontrará o Educador que irá guiar a sua visita. Terá ainda de recolher um rádio e auscultadores para ouvir todas as explicações.

Auschwitz I

A visita a Auschwitz I inicia-se com a visualização de um filme de cerca de 7 minutos, que conta um pouco da história do local. Uma espécie de iniciação ao que iríamos encontrar de seguida. Há uma frase desse filme que nunca iremos esquecer: “Algumas destas pessoas duraram menos no campo do que a visita que vão fazer hoje”. É assustador!

Logo de seguida damos de caras com o portão onde está a famosa e irónica frase “Arbeit Macht Frei”, que traduzindo significa “O trabalho liberta”. Esta placa foi colocada à entrada do campo para não levantar suspeitas, uma vez que as pessoas achavam que iam trabalhar e em busca de melhores condições de vida. Estas três palavras foram a maior mentira da História.
Actualmente, o elemento metálico é uma réplica, visto que o original foi roubado.

Auschwitz I era onde funcionava a parte administrativa e os edifícios que se seguem de seguida são os originais. São vários, todos iguais, onde eram colocados os prisioneiros. Do lado de fora, separados por torres de controlo e cercas electrificadas, estavam os edifícios dos oficiais nazis.

É possível entrar em alguns desses edifícios, que actualmente foram convertidos num museu. Contêm exposições dolorosas, fotografias, relatos, pertences pessoais, entre muitas outras coisas.

Começámos então por visitar um dos edifícios que contém objectos pessoais dos prisioneiros. São vários os expositores que têm milhares de óculos, sapatos, próteses, malas, roupas e utensílios de cozinha, que foram retirados aos prisioneiros logo à chegada. É dos momentos mais impactantes da visita.

Há uma outra sala, onde não é permitido fotografar por respeito às vítimas, com toneladas de cabelo. O cabelo das mulheres era praticamente rapado e enviado para fábricas para fazer mantas, colchões ou fardas.

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Num outro edifício podemos ver paredes repletas de fotografias de prisioneiros, que têm a data de entrada no campo e da sua morte… É possível perceber que muitos duraram ali apenas alguns dias ou meses. Ver o rosto daquelas pessoas é muito doloroso.

Nesse mesmo bloco, podemos ver ainda como eram os uniformes dos prisioneiros. É impossível não nos vir logo à memória o filme “O menino do pijama às riscas”. Àqueles que estavam aptos para trabalhar, dava-lhes um uniforme às riscas brancas e azuis, bem como uns sapatos de madeira. As temperaturas no Inverno podiam chegar a -25ºC. É muito duro imaginar as condições em que vivia aquela gente. Além disso, atribuíam a cada pessoa um número de prisioneiro que era tatuado na pele ou colocado na roupa. As pessoas deixavam de ter identidade e passavam a ser números…

Os que não estavam aptos para trabalhar (grávidas, crianças, idosos ou deficientes) iam directamente para as câmaras de gás. Numa das exposições é possível ver o agente químico que provocou tantas mortes, o Zyklon B. Este era utilizado nas câmaras de gás, provocando asfixia e actuava em 20 minutos.

Um dos edifícios que não é possível visitar era onde vários médicos faziam experiências macabras com os prisioneiros. Para encobrir essas actividades criminosas, ordenavam que as vítimas fossem mortas com injecções de fenol ou na câmaras de gás.

Visitámos também o Bloco 11, que abrigava os escritórios administrativos de Auschwitz e era também a prisão central onde era punido quem tentava fugir ou fazia algo fora das regras estabelecidas pelos nazis. Ali, os prisioneiros eram punidos e torturados em celas escuras minúsculas, onde podiam ficar confinados várias semanas. Aqui também não é possível fotografar.

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No pátio entre o Bloco 11 e o Bloco 10 está o chamado “Muro da Morte”. Milhares de prisioneiros eram obrigados a despirem-se e encontravam ali o seu destino, alinhados em frente a um pelotão de fuzilamento.

Passámos ainda pela praça, onde todas as manhãs os prisioneiros eram alinhados e contados. Caso alguém desaparecesse, todos tinham de esperar ali até o encontrarem. A contagem mais longa de sempre foram 19 horas, em pé, sem comer nem beber!

A última visita em Auschwitz I é à câmara de gás. É tão duro, que nem todas as pessoas conseguem ali entrar. É chocante e revoltante. Não há muitas palavras!
Antes dos prisioneiros entrarem na câmara de gás, diziam-lhes que iam tomar banho. Assim sendo, tiravam o uniforme e ficavam completamente nus.
Ao lado da câmara, é possível ver o crematório. Após asfixiados, os prisioneiros eram cremados. Os corpos eram retirados por outros prisioneiros, que de tempos em tempos também eram mortos, para não espalharem o que acontecia ali.

Mas porque usavam câmaras de gás? Uma das explicações relaciona-se com as experiências médicas macabras que os médicos nazis faziam. Outra explicação está relacionada com o facto de o gás actuar mais rápido e ser mais barato.

Com um nó na garganta, concluímos a visita a Auschwitz I…

Deslocação entre Auschwitz I e Auschwitz II-Birkenau

Com a chegada de cada vez mais judeus provenientes de toda a Europa, houve a necessidade de construírem um campo maior. Assim sendo, construíram o de Birkenau que está localizado a 3km de Auschwitz I e é 20 vezes maior que o primeiro.

O bilhete também dá acesso à visita do campo Auschwitz II-Birkenau. Existem autocarros gratuitos que fazem a ligação entre os dois campos. Basta esperar um pouco à saída de Auschwitz I.

Auschwitz II-Birkenau

Este campo foi construído com um propósito: exterminar o maior número de pessoas possível.

Entramos em Birkenau e parece que estamos dentro de um filme. Foram tantas as vezes que já vimos este cenário em documentários e filmes que parece irreal. Caminhamos junto às linhas de comboio, como tantos o fizeram. Pisamos o mesmo chão…
Era assim que os prisioneiros chegavam: através de comboios provenientes de toda a Europa. Muitos deles faziam viagens de 7 dias sem quaisquer condições. Alguns não chegavam vivos.

Este campo de extermínio é tão grande, que quando os prisioneiros chegavam achavam que estavam no fim do Mundo. São hectares e hectares que parecem não ter fim!

Ao saírem do comboio, era feita uma avaliação rápida por um médico e eram divididos.
Os que estavam aptos para trabalhar iam para a direita. Tiravam-lhes os seus pertences, rapavam o cabelo, atribuíam um número de prisioneiro e vestiam os uniformes. Essas pessoas eram sujeitas a trabalhos forçados e viviam em condições inimagináveis. Só faziam duas refeições por dia e mesmo assim a comida era escassa. As doenças espalhavam-se e não tinham quaisquer condições de higiene. Os que não aguentavam “viver” assim, suicidavam-se contra as cercas eléctricas. Logo, o tempo médio de vida de um prisioneiro era de três meses!
Os que não estavam aptos para trabalhar, isto é, grávidas, idosos, crianças e deficientes iam directamente para a câmara de gás.

Birkenau é um descampado enorme e não há muito que ver, uma vez que foi tudo destruído pelos nazis, para eliminarem as provas do que ali se passava.
No entanto, ainda é possível ver as ruínas de uma das câmaras de gás (existiam quatro) e um memorial dedicado às vítimas do Holocausto. Só aqui morreram mais de um milhão e meio de pessoas.

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Conseguimos ainda entrar num dos dormitórios/barracões dos prisioneiros, construídos em madeira. As camas eram feitas de madeira e não tinham colchão, apenas tapetes finos. Cada barracão albergava cerca de 700 pessoas, e em cada andar do beliche pelo menos oito pessoas espremiam-se para se deitarem e descansarem um pouco, à noite.

Além disso, os barracões não tinham qualquer ventilação e muitos deles nem tinham nada para se aquecerem. Imaginar as pessoas a viverem naquelas condições é muito duro!

“Em 1945, quando as tropas soviéticas chegaram, encontraram ainda cerca de 7 mil prisioneiros vivos, tão magros que pareciam esqueletos. Viram as valas comuns e ainda se sentia o cheiro a queimado que vinha dos crematórios.” – explicou-nos a nossa guia.

Demos assim por terminada a nossa visita a Auschwitz. Apanhámos novamente o autocarro até Auschwitz I e aí esperámos pelo autocarro que nos levou de volta a Cracóvia.
Auschwitz foi palco de um dos maiores crimes e é um dos maiores cemitérios do Mundo. Foi uma das marcas mais negras da História. Auschwitz lembra-nos de como a humanidade pode estar perdida.

Regras e dicas para visitar Auschwitz

  • Auschwitz está aberto aos visitantes a partir das 7h30. O horário de fecho varia de acordo com o mês. Consulte aqui os horários.
  • A entrada no Memorial de Auschwitz é gratuita. No entanto, achamos imprescindível fazer a visita com guia.
  • Recomenda-se usar vestuário adequado e calçado confortável.
  • Os visitantes devem comportar-se de forma respeitosa (não é permitido tirar selfies, por exemplo).
  • A visita não é aconselhada a menores de 14 anos.
  • O tamanho máximo de bagagem permitido é 30x20x10cm. É possível guardar as malas num cacifo (5 PLN). Nós utilizámos pois levámos comida na mochila e é bastante intuitivo.
  • É proibido comer ou ingerir álcool, fumar cigarros (incluindo cigarros electrónicos), acender velas ou entrar com animais (excepto cães-guia).
  • Algumas zonas não é possível fotografar. Respeite, por favor!
  • Existem casas de banho no edifício central de Auschwitz I, antes de entrar para o complexo.
  • A visita demora cerca de 3/4 horas, sem contar com as deslocações.

Visitar Auschwitz é uma experiência extremamente dura, ainda assim, obrigatória. É impossível não nos emocionarmos, é impossível não nos fazer pensar, é impossível voltarmos iguais.

“Aqueles que não recordam o passado estão condenados a repeti-lo”, George Santayana

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